Feliz de quem pode avançar para o começo e alcançar o criançamento das palavras. Quão privilegiado é aquele que consegue garatujar o verbo, brincar com palavras e o seus significados. Manoel de Barros enaltece a língua menor, a língua de uma minoria, derrubando barreiras e trazendo à tona a poética da infância.
Faz-nos perceber a inocência da criança na brincadeira de fazer poemas e de ressignificar as palavras. A criança não concebe o erro e continua a brincar na sua inconsciência, dando forma de palavra ao que vivem todo dia. Chegam cedo na escola, sentem saudade da família, fazem das relações a sua morada e expressam com propriedade o amor no poema “A casa das flores”
Inspirados em Manoel de Barros as crianças do P5 integral brincaram com as palavras:
A casa das flores
Sou uma flor, moro em um vaso.
Tenho um coração.
Que bate como trotes de um cavalo.
Amo uma perola que dá flor.
Amo uma flor como um beija-flor.
Amo as flores mais que as borboletas.
Tenho uma gata que se chama Lila.
Minha casa é muito longe.
Onde mora minha família.
Lá tem um quadro muito bonito.
É pendurado com um cabide.
Nele tem a foto da minha família.
Quando olho lembro do meu avô.
No cabide também penduro minhas roupas bonitas.
(Poema escrito pela Turma da Aranha)
Dar voz a crianças tão pequenas e tão potentes é assim: deixar-se transportar para o que pensam e imaginam!
Por Renata de Paula Simioni - Coordenadora da Galileo Kids Unidade Fênix