Quando falamos de experiências na Educação Infantil à que nos referimos?
Falamos do “Devir da Criança”, da sua necessidade de experimentar a potência do novo, das invenções, da curiosidade criativa, da leveza e suavidade presente nas mais simples brincadeiras.
Porque crianças aprendem fazendo, sentido e experimentando com o corpo.
O mundo que as toca é aquele que pode ser aprendido. “Tocar”, nesse sentido, pode ser explicado pela linguagem musical. Uma nota tocada reverbera no ambiente, sensibiliza os ouvidos e provoca sensações, emoções e memórias em quem a ouve. Pensar em oportunizar experiências para as crianças é como tocar música: tem de sensibilizar, fazer sentido, provocar questionamentos e ativar transformações.
Como já dizia Larossa, a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça. Walter Benjamin, em um texto célebre, já observava a pobreza de experiências que caracteriza o nosso mundo. Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara, pois se fala muito da informação, e a informação não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência.
A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.
Por Luciana Moura - Diretora na Galileo Kids
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